Em breve: “Palinódia” de Wanderson Lima

Depois de mais de uma década longe da poesia, dedicando-se à pesquisa acadêmica e ao ensaísmo, Wanderson Lima retoma o exercício poético neste opúsculo significativamente intitulado Palinódia. Aqui, Wanderson se impõe uma dupla jornada: por um lado, revisita e reescreve alguns versos seus; por outro, parafraseia, usa do expediente da colagem e, vez por outra, parodia textos da tradição, notadamente Camões, a Bíblia e líricos brasileiros. 

O verso do poeta soa clássico na sintaxe e em algumas escolhas vocabulares ao mesmo tempo em que os cortes abruptos, o mood irônico e o intenso jogo intertextual o credenciam como modernos, quando não vanguardistas. Palinódia é um breve poema dramático que encena três vozes a narrar, de ângulos e perspectivas distintas, a dura experiência de viver sob o drama da pandemia do COVID-19. Fato curioso, o nome da doença não é citado em momento algum na obra, talvez porque o poeta quisesse universalizar mais ainda o drama.

Como observa Fernando Mirando no prefácio à obra, temos aqui um poema “desmontável”, que apresenta mais de uma possibilidade de ordem de leitura. Este é um dos primeiros frutos literários que enfrenta o tema da pandemia que, hoje ainda, estamos vivendo.

Wanderson Lima

Wanderson Lima (Valença-PI, 1975) é professor universitário e escritor. Doutor em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, integra o Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, onde desenvolve pesquisas e ministra disciplinas voltadas para a literatura comparada. Organizou com João Kennedy Eugênio a coletânea Cinema e mal-estar na civilização (Max Limonard, 2015). Em 2018 publicou pela editora Horizonte a obra Travessuras de um menino mau e outros ensaios sobre animação; no ano seguinte, pela mesma casa editorial, publicou Ensaios sobre literatura e cinema. Por dez anos, foi editor da revista dEsEnrEdoS, da qual é membro-fundador.

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